Entre os ortodoxos, o dia 6 de janeiro, em todo o mundo, é o último dia do Advento. Termina com grande alegria – nesse dia, na cidade de Belém, nasceu o Salvador do mundo, Jesus Cristo. Tradicionalmente, os ortodoxos, em contraste com a Igreja Católica, dão mais atenção para a pacificação interna e a contemplação espiritual da alegria do festejo, ao invés de seus atributos externos, mas o Natal ortodoxo está imbuído de suas belas tradições.
De acordo com as referências, nas crônicas, a Antiga Rússia começou a celebrar o Natal no século X. Até o momento do serviço da noite, na igreja, deve-se manter um rigoroso jejum e esforçar-se para ser tolerado. Em 6 de janeiro, não se podia sentar-se à mesa, enquanto não aparecesse a primeira estrela no céu. Nos templos, nessa noite festiva, acontecia uma solene liturgia…
Acreditava-se que, nesse instante, no céu, brilhava aquela exata estrela, que anunciou aos Magos, em Belém, sobre o nascimento de Cristo. Antes de sentar-se à mesa, polvilhada com feno – em memória da caverna e uma manjedoura em que Cristo nasceu. A véspera de Natal, no mundo cristão, é o jantar em família. Essa palavra (sotchélnik) vem da palavra “sotchivo” (grãos de trigo, embebidos em água). Este ritual, um prato de legumes, é necessário para esta noite. Colocavam-no no centro. A receita tradicional de preparo é a seguinte: 0,5 kg de grãos de trigo; despejar a água fria e cozinhar até ficar macio. Derramar a água em um copo de mel diluído em 4 copos de água, despejar a massa de trigo, e colocar no fogo esta mistura, deixando ferver e esfriar. Em receitas mais complicadas, adicionaram-se à massa, nozes, passas e broto de papoula.
E todos os pratos tinham que ser exatamente doze (o número dos Apóstolos). Além do “sotchivo” na mesa russa da festa, havia panquecas, peixe, geléia, leitão com mingau de aveia, pato com maçã, pratos quentes, bolos de mel, fruta cozida – uma porção para uma família. À mesa, sentavam-se em número par. Se os convidados estivessem em número ímpar, então, na mesa, cobria-se o lugar vazio.
Na Rússia, por muito tempo, houve alguma confusão, que veio de Bizâncio, do cristianismo e do paganismo. Por isso, no Natal, havia uma adivinhação. Em geral, as moças adivinhavam quem era seu noivo. A adivinhação com uma bota consistia em tirar a bota do pé esquerdo e jogá-la pela cerca. Em seguida, elas observavam em qual lado estava virada a ponta da bota, e procuravam o noivo daquele lado. Se a bota tivesse caído com o bico para o seu próprio muro, isso significava que no próximo ano, o noivo não era esperado. Ao mesmo tempo, também surgiu a tradição de adivinhar pela cera. Em uma tigela grande de água pingava cera derretida e pelos números refletidos determinava-se o futuro. Outros ritos de adivinhação que existiam naqueles anos: pela cinza, pelos sapatos, pelo espelho, pelas velas, pelo anel, uma chave e um livro, a neve, uma toalha, uma escova de cabelo, uma lamparina, pelos latidos de cachorros e até cavalos.
Apesar da origem eclesiástica do feriado, na Rússia, o costume dos cânticos foi preservado — o cantar dos hinos sob as janelas. A palavra “Kolyada” tem origem pagã. A “Kolyada” simbolizava a adoração ao sol, que dá fertilidade e alegria, e nas canções-hinos, cantavam sobre os fenômenos da natureza — sobre o mês, o sol, o trovão, e desejavam colheita e casamentos felizes. Com o tempo, os jovens vestiam-se e iam para as casas vizinhas, cantando músicas natalinas. Em cada casa, encontravam esses hóspedes com prendas festivas e presentes. Nos textos das canções, predominava temas do nascimento de Jesus Cristo. Outros eram associados a cenas bíblicas, e outros elogiavam o dono da casa e sua moradia. Nos velhos tempos, era um desejo de uma boa colheita no ano que vem:
Os camponeses tinham o rito da “obsevaniya”: pastores iam de porta em porta, parabenizando a todos pelo feriado, e jogando em cada casa um punhado de aveia, e dizendo: “Aos que vivem, aos que criam e à saúde”, ou, “Semeio trigo rasteiro, aveia, trigo sarraceno para os bezerros e cordeiros, e para todos os camponeses!”.
Gradualmente, com o enraizamento do cristianismo na Rússia, as tradições de vestir-se, de adivinhar e de felicitar a todos os que se encontrava coincidiam com o solstício de verão, deram lugar aos cumprimentos simples e às músicas natalinas. Em muitas aldeias e vilas da província russa, a tradição de cantar músicas natalinas foi preservada até hoje.
Os festejos continuavam, na manhã seguinte, com as festas populares e canções, com danças e cirandas. Das “Animações de Natal” participava todo o país — desde pessoas comuns, até os nobres da corte.
O Natal é celebrado durante três dias: 7, 8 e 9 de janeiro. Nossos antepassados celebravam-no assim: no primeiro dia, a donas de casa ficam em casa, enquanto os homens passam pelas casas e felicitam os seus familiares e amigos. As mesas ficam postas durante todo o dia. Sobre a mesa, já está tudo pronto (não servido). Os convidados e a dona da casa sentam-se à mesa por meia hora, em seguida, despedem-se e um convidado vai visitar outros amigos. Certifique-se de visitar todos os parentes, especialmente os mais velhos e idosos. Nesses dias, não trazem os presentes. No segundo dia do Natal, eram as esposas as convidadas, e os maridos ficavam em casa, no entanto, na época da revolução isso não foi muito praticado. Todas as famílias visitavam-se umas às outras. No entanto, essa tradição sobreviveu e agora, mas, agora, levam presentes e saúdam-se: Feliz Natal!
Acho lindo a cultura russa..