Os molfars (мольфари, pronúncia: molyfárê) se tornaram conhecidos graças ao livro do Mykhailo Mykhailovych Kotsiubynsky (Михайло Михайлович Коцюбинський, 17.09.1864 – 25.05.1913) “Sombras de Antepassados Esquecidos”. A partir dela foi filmado um filme com mesmo nome. A palavra “molfar” literalmente significa “uma coisa enfeitiçada.” Estas pessoas realmente possuem enormes poderes mágicos, são feiticeiros dos Cárpatos. Os hutsuls (гуцули), assim que se chamam os habitantes destas montanhas, acreditam que existem os molfars do bem e do mal. Eles, assim como outros mágicos, se chamam lunares ou solares, pretos ou brancos. Os molfars praticam cura, predição, conversam com forças da natureza usando feitiços, ervas e uma série de itens especiais. O mais interessante é o jeito como eles combinam religião crista com antigas tradições pagãs.
Na tradição molfar, muitas cerimônias, rituais e itens sagrados são associados à trovoada, tempestade, relâmpago. Os magos dos Cárpatos tem uma palavra universal громовиця (hromovêtsya). Este é o nome da própria tempestade, e também pode ser da árvore atingida por um raio. A partir desta madeira fazem melhores instrumentos musicais e as lascas de madeira são usadas para fumigação de pessoas que sofrem de distúrbios do sistema nervoso. O objeto sagrado feito a partir desta madeira também se chama hromovêtsya.
As “pedras do trovão” que caíram durante uma tempestade do céu, assim como as “pedras do relâmpago” que são pequenas arredondadas pretas pedrinhas de origem diferente possuem uma grande importância na tradição xamânica dos Cárpatos. Eles geralmente podem ser encontrados perto das árvores atingida por um raio.
O molfar realiza cura com feitiços, água benta, minerais, e, é claro, com ervas e poções que ele recolhe nos dias e horários específicos: as raízes na parte da tarde, as folhas e hastes na parte da manhã. Há ervas que são coletados apenas de manhã, enquanto outras exigem ser coletadas pela madrugada.
Mais um outro tipo do tratamento por um molfar é a música. O instrumento musical antigo dos hutsuls se chama дримба (drêmba). Tocam nele usando lábios, dentes, língua e respiração ao mesmo tempo. E o som é parecido com os mantras dos budistas. É interessante que este instrumento tradicionalmente considera se como feminino. Até agora, quase cada гуцулка уміє в дримбу (hutsúlka umíye v drêmbu) – sabe tocar drêmba.
Muitas vezes pessoas tem medo dos molfars. Eles são capazes de influência muito forte. Portanto ninguém quer ofender um molfar ou de alguma forma atrapalhar ele. Os molfars moram isolados. Eles não gostam de se comunicar com os outros, e buscam a solidão. Em casos raros, eles compartilham alguns segredos ou podem até mesmo ensinar, mas somente para parentes ou pessoas escolhidas. O resto das pessoas podem apenas ouvir histórias gerais, talvez receber uma previsão ou cura. De qualquer forma, é interessante visitar os locais nos Cárpatos, onde moram molfars. Se você for com boas intenções, então não acontecerá nada de errado. Os molfars podem punir aqueles que possuem más intenções.
Tradição dos molfars não é uma coisa exótica. Esta é uma força real que deve ser levado a sério. Os morfars contam que ultimamente chegam a eles “feiticeiros” amadores que necessitam de um milagre para confirmar suas habilidades mágicas. Mas a resposta é única: os testes à toa prejudicam pessoa, natureza e forças com que o molfar interage. E estas forças podem vingar por atitude descuidada. Magia, que é a tradição dos molfars é um fogo vivo, relâmpago nos topos das montanhas. E, se divertindo com isto, você pode se queimar para sempre. Para aqueles que ainda procuram seguir este caminho, o molfar diz: “Ser um molfar é uma cruz pesada, é o próprio destino que uma pessoa leva à morte. Isto é uma vida para os outros. É a responsabilidade de todos os dias de sua vida, de cada atitude tomada, de cada palavra dita, de cada pensamento… “
Eu adoro suas estórias. Graças a você, nós podemos conhecer um pouco mais das tradições das quais somos praticamente privados. Isso tem uma importância vital num mundo onde os valores da modernidade globalizada esmagam impiedosamente as culturas locais. Parabéns, Snizhana!