Na Ucrânia, especialmente no oeste, até hoje, na maior parte das aldeias, recordam-se das tradições do Natal Ortodoxo. Na véspera do feriado religioso mais importante — o Natal Cristão — o povo ucraniano senta-se a uma mesa festiva e generosa, mas sem carne. O dia 6 de janeiro — a Santa Noite, em que se preparam, após a arrumação nas casas. É necessário purificar-se espiritualmente — para confessar, para fazer a paz com o inimigo. Depois disso, pode-se preparar os pratos festivos.
Todos os ortodoxos, necessariamente, têm, sobre a mesa, exatas doze peças. Os pratos tradicionais da Ucrânia eram sopa, bolinhos de massa, peixe, cogumelos, cereais, feijão ou brotos de feijão, batata, repolho, biscoitos, “kutya” (o mesmo que os russos “sotchivo”), “uzvar”. A “kutya” era feita com o trigo amassado com antecedência, e ficava “intocado” — mantida na água até o nascer do sol, que, consideravam, consagrava a própria noite como o deus do sol. Era proibido, naquele dia, e naquele momento, discutir e brigar e todos os membros da família deve estar em casa. As crianças devem ajudar nos preparativos, um papel específico cabe para a filha mais velha. Em 6 de janeiro, não jantam nem almoçam, e mesmo às crianças, só é permitido um lanche, na hora do almoço. Precisavam, sobretudo, que o alimento fosse retirado do forno com o nascer do sol.
Fazendo a mesa na Noite Santa, depois do pôr-do-sol, velam seu feno fresco ou palha. No topo do feno, derrubam alguns grãos e cobrem a mesa com um pano, sob a qual, nos cantos, são colocados dentes de alho. Ele protege contra as forças do mal e a doença. É necessário ter certeza de que, na casa, em um lugar de honra, ficasse o “didukh”— um ramo festivo de trigo (o “didukh”, faziam-no, apenas, no oeste da Ucrânia), centeio ou aveia, amarrado de uma maneira especial. O “didukh”, nos tempos pré-cristãos, representava os espíritos dos antepassados, que, nesse dia, deviam vir para uma visita. Preparavam-no e cuidadosamente preservavam-no com as sementes da colheita, e mantinham-no em caules de vários cereais (centeio, trigo, aveia etc.), e era selecionado o feno mais perfumado suave. Durante a montagem do “Didukh”, as crianças deviam emitir vozes de animais diferentes, para que, na primavera, houvesse uma boa colheita.
A primeira estrela da noite mostra às pessoas sobre o grande milagre — o nascimento do Filho de Deus! Pode-se começar a Santa Ceia, acendendo uma vela, e rezando.
Na cidade de Galítchin, o dono da casa divide o mel untado com um pão de comunhão com as pessoas presentes, cumprimentando a todos pelo feriado e desejando esperar o próximo ano, e benzendo e beijando cada um, oferece um pedaço de bolo. E isso é o início da refeição. Em outras regiões, o dono da casa levava uma colher de kutya e dizia uma oração para os antepassados falecidos e os pais, convidando-os para jantar. Para eles e os membros ausentes da família, sobre a mesa, havia, especialmente, dois pratos e copos (de que ninguém comeu nem derramaram kutya). Em algumas regiões, mantiveram o costume de jogar uma colher de kutya para o teto, dizendo que Deus enviou muitas crias para a fazenda.
Durante o jantar, não se pode falar muito, e deixar a mesa.
Meninos e meninas não podem sentar-se nos cantos da mesa, para não ficar sem um par no matrimônio. Não se pode, tendo tomado a colher à mão, recolocá-la sobre a mesa, e os pratos não são lavados com água — somente com uzvar. Embora não se tenha terminado a refeição, não se pode deixar a mesa, ainda mais, a casa, para não deixar entrar a força do mal. De cada prato vale a pena experimentar pelo menos um pouco, para não ter fome. Mas, não se pode comer um prato inteiro — “para que a geladeira não fique vazia”.
E no dia seguinte, primeiramente, aceita-se deixar entrar na casa um menino, que deve semear a casa com sementes e desejar aos proprietários saúde e riqueza, e não se pode uma mulher. Por isso, no dia seguinte, a maioria mulheres fica em casa. Tendo semeado a casa, dão de presente doces ou dinheiro.
No dia 7 de janeiro, celebravam o primeiro dia de Natal (servia celebrar os três dias de 7 a 9 de janeiro). De manhã, a família inteira ou vários membros iam à igreja para as orações do feriado, que eram dedicadas à memória do nascimento de Jesus Cristo. Voltando da igreja, as pessoas alegremente saudavam-se:
— Cristo nasceu! — Louvai-O!
ou
— Desejo um Santo Natal, com saúde!
Às vezes, pela manhã, o anfitrião voltava a colocar uma vela, fumigava a casa, aspergia com água benta, e a dona da casa lavava a louça e todos, outra vez, sentavam-se à mesa, com uma oração. E somente depois que as tigelas e colheres tivessem sido novamente lavadas, e os pratos cobertos, as pessoas rapidamente conversavam, porque o jejum havia terminado. No Natal, especialmente davam o que comer e abatiam um javali, para preparar linguiça, salsicha (krovyanka), geléia de mocotó, “zelts”, e mingau de trigo assado. Também, preparavam um prato de leite.
Depois desse almoço saudável, o proprietário colocava, na soleira, um machado e as pessoas da casa, passando por cima dele, saiam da casa. O proprietário ia tocando o gado, e os idosos e os jovens faziam um cortejo até a aldeia para conversar. No primeiro dia do Natal, quase não se fazia visita. Somente as crianças com uma nora ou um genro deviam visitar, durante a refeição, seus pais, e dizer que trouxeram “o jantar para o vovô”.
Já, à noite, iam as primeiras crianças da turma de cantores (meninos e meninas), e todos tinham uma sacola ao ombro, onde colocavam guloseimas. Perguntavam aos donos da casa para quem cantar (normalmente ao filho ou à filha), paravam à frente da “janela da cantoria”, e cantavam poemas e orações mágicas. Pessoas com fé, esperança e respeito referiam-se a tais sinceros “mensageiros do bem e da felicidade”, e davam-lhes de presente doces e dinheiro.
que fixe :))))