Que imagens vêm a sua cabeça quando pensa sobre a Rússia, Ucrânia ou outros países do antigo bloco soviético? Aposto que nenhuma delas inclui cogumelos. Se podemos dizer que a maioria dos russos só viu os ursos em zoológico, não sabe dançar daquele jeito agachado, não tem Matrióchkas ou Balalaikas em casa, no entanto, a maioria deles ama cogumelos. E eu sei que soa estranho.
Durante o período entre julho e outubro, quando termina o verão e começa o outono várias pessoas começam a ficar “loucos”. Conheço algumas mulheres elegantes que no final de semana se transformam em malucas obsessivas que maltrapilhas e despenteadas correm pelo mato quebrando suas unhas cuidadosamente pintadas.
No final de semana, começa uma espécie de “febre”. Homens, mulheres e crianças acordam muito cedo, vestem roupas impermeáveis e botas de borracha, pegam cestos de todos os tamanhos e, de trem, ônibus ou de carro, se dirigem até alguma floresta para procurar cogumelos. Não estou falando sobre champignon ou shiitake. São cogumelos cultiváveis e não despertam nenhum interesse entre esses “caçadores”. Também não estamos nos referindo às trufas: cogumelos de altíssimo valor encontrados, principalmente, na França ou Itália, embora existam nas regiões sulinas da Rússia e Ucrânia.
Há uma grande diversidade de cogumelos comestíveis utilizados no preparo de vários pratos. Podem ser fritos com batata e servem para o preparo de sopas maravilhosas. Alguns são conservados com sal, salmoura ou secos para serem consumidos o ano inteiro.
Muitas pessoas adoram comer cogumelos, mas o processo de sua busca por horas a fio, percorrendo quilômetros floresta adentro, é uma aventura a parte. Conheço pessoas que não gostam de comer cogumelos, mas adoram procurá-los. É uma aventura com direito a adrenalina (em dose segura) e um elemento competitivo (quem encontrou mais e os melhores). É algo que ainda está no sangue, o que sobrou dos antigos eslavos pagãos, cujo sustento vinha das florestas.